Dicas para a redução da pegada ambiental
Nos últimos dias recebi várias mensagens a propósito da minha partilha acerca da minha dieta flexitariana, o modo de estar, viver e comer que eu e o Gonçalo adotámos em 2017, e fiquei tão satisteita por saber que a minha comunidade está a fazer cada vez mais escolhas sustentáveis e saudáveis (e em consciência, a humana e a ambiental). E é por estar tão alinhada com os valores destas alternativas, que fico grata por ver que a oferta de produtos e a adesão a este conceito tem vindo a crescer em quantidade e em inspiração.
“Usa tudo, gasta-o bem, faz com que sirva ou então vive sem”, cinzelou no tempo um célebre ditado popular amish. Os hábitos sustentáveis que tenho vindo a adquirir, com a prática dos três “R” (“reduzir”, “reutilizar” e “reciclar”), têm-me ajudado a privilegiar o bem-estar e a serenidade que sempre almejei para mim. Pequenas alterações na nossa rotina podem fazer realmente a diferença para compreender a importância do equilíbrio perfeito do ecossistema e da demanda por um futuro mais sustentável.
Agora que estamos a caminho de um novo ano no calendário, que tal abraçarem comigo esta jornada “verde”, mais enraizada à terra, vestida de conforto e de quietude, numa constância entre as vossas necessidades e as de um planeta que pede para respirar novamente a pureza da aurora. Está na hora de agir, brisas, por isso partilho convosco cinco dos meus passos mais transformadores e que me têm permitido nutrir o meu:
Ninho | s.m | 1. Estrutura ou abrigo que as aves constroem para si e para os seus ovos e crias. 2. (Figurado) Abrigo, refúgio. 3. Lar. 4. Conforto, amparo. 5. Toca. 6. Vento. 7. Pilhas de livros em segunda mão. 8. Comida de conforto e amiga da Mãe-natureza. 9. Vinis antigos no gira-discos. 10. Gonçalo + Nicks + Jubilee + Tomilho
- Plantar uma horta biológica
Tratar do meu terraço, sobretudo nos meses mais soalheiros do ano, é terapêutico. Com a ajuda da minha mãe, já plantei hortelã, erva-príncipe, alecrim, alfazema, louro, pimentos, tomates, morangos, cenouras, framboeseiras e limoeiros. A minha coleção do almanaque Borda d' Água e o livro O Tempo das Coisas, de Inês Milagres, foram ajudas preciosas. Se não tiverem um quintal, podem procurar um espaço na vossa cozinha, perto da janela, que receba luz natural. Cultivem ervas aromáticas em vasos e criem o vosso próprio herbário, para cada estação do ano. Os cursos de Herbalismo Mágico e Medicinal de Isa Baptista, na Casa do Fauno, em Sintra, orientam a nossa bússola sazonal e permitem-nos criar mezinhas naturais.
- Seguir os mandamentos da marmita saudável
Se precisam de levar diariamente marmita e aquecer o vosso almoço no microondas, optem por um recipiente de vidro, uma opção mais ecológica e menos potenciadora da proliferação de bactérias. Além disso, não pensem que é preciso viver no campo para usufruírem de refeições saudáveis e orgânicas. Procurem produtos sem antibióticos, pesticidas ou aditivos químicos no solo, e alternativas vegetarianas, feitas a partir de proteínas de soja e trigo, como é o caso da nova gama Garden Gourmet®. Dêem também preferência a embalagens biodegradáveis. Um dos compromissos destes produtos recém-chegados ao mercado e à venda nos hipermercados Auchan, Continente e El Corte Inglés passa por, no próximo ano, ter embalagens recicláveis e até 2022 feitas à base de plantas. Já experimentaram?
Evitem ainda o consumo de copos de café descartáveis e de água engarrafada; prefiram este recurso natural filtrado e transportem-na em frascos de vidro ou em plástico reutilizável.
Nesta receita, que passei para o meu próprio “Páginas Salteadas”, o meu livrinho de receitas, eu e o Gonçalo usámos:
Ao jeitinho do Ninho do Vento
Temperem os hambúrgueres com sal e pimenta, e reguem com um fio de azeite. De seguida, basta colocarem num tabuleiro grelhador e deixar alourar. Virem para o outro lado quando estiverem a ficar douradinhos. De seguida, salteiem cogumelos, pimentos, courgette, beringela, cebola e tomate em óleo de amendoim. Tão simples quanto isto! Uma refeição saudável, simples e prática, para servirem num almoço de família ou num encontro de amigos, e ainda para levarem na marmita, acompanhada de um sumo natural ou água aromatizada.
- Investir em produtores portugueses e em compras conscientes
Optem por ingredientes nacionais, locais, frescos e sazonais, como os da Quinta do Arneiro e do Mercado Saloio. Consumam ingredientes de origem vegetal e aproveitem os alimentos menos aprazíveis - o projeto Fruta Feia combate o desperdício. Usem os restos como fertilizantes orgânicos.
Por sua vez, para o supermercado façam um rol de compras e adquiram apenas aquilo que vão consumir, sem impulsos. Apostem nos produtos a vulso e guardem-nos em duradouros frascos de vidro (reaproveitados, 100% recicláveis). Evitem o plástico e usem mais sacos de pano.
- Economizar na decoração: menos é mais, até para o wabi-sabi
Quando começámos a adornar as várias divisões da nossa casa, foram muitas as horas que passámos em sites de compra e venda de artigos em segunda mão, como o OLX, o Custo Justo ou o Marketplace do Facebook. Recuperámos também algum mobiliário que trouxemos dos nossos quartos na casa dos pais e eu tive, finalmente, a oportunidade de dar uso aos bibelôs da minha infância e que fui adquirindo em feiras de peças em segunda mão, encontros de bagageiras, vendas de garagem e trocas entre amigos. Além de serem peças únicas, têm imensas histórias caricatas para contar: desde viagens de carrinha pelo país com as portas presas por cordas, para segurar os móveis que teimavam em não caber, a construções vagarosas, sem quaisquer manuais de instrução, mas muito recompensadoras. O nosso móvel preferido está na sala e é uma estante em bambu, outrora aninhada em Camarate, numa castiça mercearia de bairro de uma avó afável e sorridente. No nosso Ninho, reaproveitamos caixas, revistas (para os meus recortes), frascos de vidro e garrafas de cerveja. Ao reutilizarmos, estamos a diminuir o consumo de recursos e a dinamizar a economia.
5. Vestir histórias e memórias
Se gostam de comércio tradicional português e de objetos de colecionador, façam visitas à Feira da Ladra, a mercados de troca de roupa e a lojas de moda vintage, como A Outra Face da Lua e a Humana (físicas), e a Wild At Heart, a Cedofeita Vintage, a The Hound Dog Vintage, a West to Wood e a Moody Moon (online). Reutilizem itens antigos, em vez de os deitarem para o lixo. Reduzam a acumulação, comprando menos. Doar roupas, sapatos e acessórios a instituições ou à vossa família é uma excelente alternativa. Podem já não vos servir, mas ser úteis para os outros. No meu caso, as modas não se demoram e, por muito que as cores se esbatam, continuarei a usar as recordações de outros destinos.
Espero que estes conselhos tenham sido úteis! Partilhem comigo nos comentários o que já fizeram pela vossa pegada ambiental.