A marca cruelty free The Body Shop, que eu já não dispenso nos meus rituais de beleza, leu os meus pensamentos e preparou um dos grandes lançamentos da indústria de cosméticos de fevereiro: a Eau de Toilette Japonese Cherry Blossom Strawberry Kiss. Os astros parecem estar alinhados no calendário chinês. "Viciantemente doce", assim é o aroma deste perfume, que combina o cheiro de flores de cerejeira japonesas com notas refrescantes de morango, peônia rosa e âmbar. O melhor desta embalagem-tesouro? É 100% vegan, brisas!
Quando apliquei a fragrância, pela primeira vez, no pescoço, atrás das orelhas e nos pulsos, imediatamente após o banho, a mais bela citação do clássico da Disney Mulan visitou os meus pensamentos. "A flor que desabrocha na adversidade é a mais rara e bela de todas", cinzelou no calendário da existência o Imperador da China. Rebelde, corajosa e delicada, a guerreira chinesa Mulan ensinou-me, em plenos anos 90, que uma mulher pode desafiar todas as tradições milenares da sociedade e enfrentar sozinha a invasão dos Hunos - mesmo havendo um líder tão implacável como Shan-Yiu.
Mas não há superação que não se entrelace ao ímpeto do amor-tufão e por isso a filha de Fa Zhou - que finge ser um homem para ocupar o lugar do pai no Exército Imperial - luta ao lado do Capitão Shang, "com a rapidez de um rio em fuga" e "o poder de um fogo imenso".
Quando conheci o Gonçalo, em agosto de 2016, confidenciei-lhe que aninhava no coração a cultura oriental e que um dos meus maiores sonhos era conhecer o continente asiático. A minha melhor amiga, desde os meus dez anos, é macaense, o Mushu o meu fiel companheiro de eleição das princesas Disney, e a Reflection, tocada ao violino por Vanessa Mae, uma das melodias da minha vida. Quando ele pediu à inspiradora Inês Henriques, do projeto Bandido Jewelry, para desenhar o meu anel de noivado, fez um pedido especial: pousar uma andorinha em galhos de flores de cerejeira, dois presságios da primavera, a estação que me viu nascer.
Com uma carga mística inerente, as delicadas pétalas rosa pálido desta árvore-anciã japonesa revelam um simbolismo magnetizante e um dos mais inesquecíveis espetáculos da natureza. Amor, beleza, inocência, pureza, renovação, juventude, esperança e renascimento são alguns dos significados atribuídos às flores de cerejeira, que têm inspirado também a arte, a moda, a música e a pintura em todo o mundo. Já o fruto, a cereja, insurge-se como o maior símbolo de sensualidade e erotismo, em grande medida graças à intensidade da sua cor escarlate. A lenda sussurra-nos que a princesa Konohana Sakuya Hime caiu do céu e criou raízes no Monte Fuji, onde se transformou na mais bela das flores. Outras crenças populares cinzelam no tempo que a cerejeira está intimamente ligada à cultura do arroz, uma vez que "kura" (na sua raiz nipónica) pode ser traduzida por "depósito para guardar arroz"; sendo este ingrediente uma das bases da cozinha japonesa, pode então ser interpretado como uma "dádiva" do universo.
Por outro lado, a efemeridade da floração das cerejeiras conduz-nos até aos samurais, os guerreiros orientais que pareciam sempre dispostos a morrer no campo de batalha, horando assim os seus mestres e antepassados. Passageira, frágil e fugaz, mas inolvidável, tal como a nossa própria passagem pela Terra, esta árvore mística vem relembrar-nos que devemos aproveitar o presente em toda a sua plenitude e aceitar os presentes que as esquinas do tempo nos oferecem.
Desde que comecei a frequentar os workshops de Herbalismo Mágico e Medicinal, orientados pela fada Isa Baptista, no Pub Medieval Casa do Fauno, que tenho criado um herbário para as quatro estações do ano. Durante os meus estudos de ervas medicinais da floresta descobri que a flor de cerejeira faz-se valer de uma miríade de benefícios para o tratamento de determinadas doenças do organismo, sobretudo devido às propriedades diuréticas que encerra em si mesma aquando da sua infusão. Sabiam que os japoneses servem chá de flores de cerejeira nos seus casamentos? Já juntámos esta sugestão à nossa lista de momentos mágicos no dia do Ritual do Vento. Na religião budista, esta flor veste-se de elementos associados ao renascimento da primavera e à entrada de um novo ciclo de vida. Fevereiro, vamos caminhar de mãos dadas para a felicidade, sem olhar para trás?
Se ainda não sabem o que pedir como presente de Dia de São Valentim à vossa cara-metade, esta parece-me a escolha perfeita para deleitar os sentidos. Viva o amor!
*Este artigo foi escrito em parceira com a The Body Shop, mas a minha partilha é real e transparente.
As fotografias são da autoria da minha querida fotógrafa Nia Carvalho.